sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Segue-se, matéria relacionada à Unidade de Estudo 4.2 - "Indústria de Defesa, Tecnologia e Inovação".

Brasil lança primeiro VANT elétrico com tecnologia 100% nacional

Este ano foi lançado com fins comerciais e de aperfeiçoamento tecnológico o primeiro VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) elétrico produzido com tecnologia 100% brasileira. A empresa AGX Tecnologia, com sede em São Carlos, em parceria com a empresa Aeroalcool, fabricou o Tiriba 2, o VANT mais barato do Brasil. A aeronave mais básica custa R$ 30 mil, e dependendo de como for incrementada com equipamentos acessórios (câmeras, sensores, antenas e etc) pode chegar a R$ 100 mil.

A produção do Tiriba 2 atende ao mercado nacional e internacional. As exportações devem começar no início do próximo ano. O que mais chama a atenção nesse VANT é a possibilidade de ser empregado para diversas finalidades: defesa civil, agricultura e meio ambiente.

Na agricultura, o Tiriba 2 pode auxiliar no levantamento de pragas, na qualificação e quantificação da cultura e no acompanhamento da lavoura. Na área ambiental, o VANT pode mapear e quantificar Áreas de Preservação Permanente (APPs), ajudando a traçar planos para a sua conservação, além de detectar focos de desmatamento e incêndio.

A alta capacidade da aeronave em realizar levantamentos aereofotogramétricos e tirar fotografias em alta resolução permitirá o maior controle sobre a imagem obtida. Ao se analisar dados como dimensão, posicionamento e ângulo será possível compor mosaicos fotográficos que poderão auxiliar em levantamentos topográficos, além da medição e quantificação de dados.

“O custo de operação do Tiriba é zero. Basta carregar a bateria. É uma aeronave revolucionária que tem custo de manutenção também muito baixo”, afirma Adriano Kancelkis, diretor da AGX. O Tiriba é leve e portátil, e deve ser lançado manualmente, sem a necessidade de pista de pouso e decolagem.

Para o diretor da AGX, o mercado nacional ainda não decolou para os VANTs por falta de divulgação dessa tecnologia. “O VANT ainda é uma tecnologia muito nova. Eu comparo o VANT com o MP3. O MP3 revolucionou a indústria fonográfica e o VANT irá revolucionar o mercado de sensoriamento aéreo. É questão de tempo e de divulgação”, observa Kancelkis.

Com quase três metros de asa e cerca de um metro e meio de comprimento, o VANT pode embarcar câmeras fotográficas de alta definição, sensores, além de câmeras de vídeo convencionais com transmissão em tempo real em uma distância de até 12 km. Dados como telemetria da aeronave, velocidade e posicionamento também são obtidos. O Tiriba 2 ainda conta com uma estação de solo que recebe os dados e imagens transmitidos pelo avião.

Fonte: Portal 360 graus – 28 Out 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Segue-se, matéria relacionada à Unidade de Estudo 4.2 - "Indústria de Defesa, Tecnologia e Inovação".

PORTAL BRAGANÇA

No Dia do Aviador, presidenta Dilma fala sobre modernização do Sistema de Defesa Brasileiro

Em mensagem lida nesta quarta-feira (26) durante a cerimônia em comemoração do Dia do Aviador, a presidenta Dilma Rousseff destacou que o Brasil deve investir em tecnologias modernas de defesa, tendo como foco a capacitação profissional, e em políticas estratégicas de aprimoramento das Forças Armadas. Ela reiterou o compromisso brasileiro de priorizar ações pacíficas e disse que é meta de seu governo garantir que o desenvolvimento do país esteja acompanhado "da indissociável soberania e preservação de seu território".

Dilma Rousseff lembrou do patrono da aviação, Alberto Santos Dumont, que "alçou o nome do Brasil a uma inegável posição de destaque", e disse que, sob sua influência, gerações de brasileiros se dedicaram para que o Brasil adentrasse ao seleto grupo de países que concebem e fabricam seus próprios aviões e desenvolvem um programa espacial.

"Seus esforços nos propiciaram uma indústria de transporte aéreo estratégica para um país de enormes dimensões territoriais e com regiões só alcançáveis por meio aéreo. Seu trabalho nos garantiu um moderno, eficiente e integrado sistema de controle do espaço aéreo. Estas conquistas têm sido fundamentais na manutenção de nossa soberania. Têm propiciado ao Brasil proteger suas fronteiras, suas riquezas e seu povo".

Ela afirmou que a Aeronáutica tem papel de destaque na pesquisa científica e tecnológica nacional, contribuindo para a inovação e o aumento de produtividade da indústria brasileira. E acrescentou que a Força Aérea trabalha pelo bem comum, "seja na solidão amazônica, no semiárido nordestino, na imensidão do cerrado, na vastidão dos pampas ou na vigilância das riquezas do pré-sal".

"Caros aviadores do Brasil, o Brasil do futuro será exatamente do tamanho do que juntos fizermos por ele hoje. Como Comandante Suprema das Forças Armadas, convoco-os a manter vivo o espírito de perseverança de Alberto Santos Dumont e, investidos desta atitude, continuar participando do esforço de transformação do nosso país", concluiu.

Fonte: Portal Bragança - 27 Out 2011

Senhoras e Senhores Estagiários do CSUPE


Na próxima semana, no dia 01 de novembro, no período da tarde, o Curso visitará o COMANDO DE DEFESA AEROESPACIAL BRASILEIRO (COMDABRA)

Seguem-se informações de interesse da programação da visita:


1. TRANSPORTE (microônibus do MD)

      Dia 1º de novembro (Ter) – das 14 às 17 horas.
      Transporte disponibilizado pelo MD
     Hora de saída: 13 horas.
      Local: portarias do MD.
     Quem não usar o transporte: avisar o Cap SILVA.
      Endereço do COMDABRA
     SHIS QI 05 Área Especial 12 - Lago Sul
     PABX (61) 3364-7900
     Dentro do 6º COMAR (Próximo ao Aeroporto)

Obrigado,

A Coordenação.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Segue-se, matéria relacionada à Unidade de Estudo 5.1 - "Conjuntura e Relações Internacionais".


Dilma reage a intervenção da OEA em usina

A presidente Dilma Rousseff tem reprovado a posição da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) de questionar a usina de Belo Monte, no rio Xingu, o maior empreendimento do setor elétrico da atualidade.

O Brasil foi convocado pela comissão a participar hoje de uma audiência em Washington sobre o não cumprimento de medidas cautelares de proteção das populações indígenas do Xingu. O governo anunciou que não enviará representantes. Além de não enviar emissários a Washington, a presidente determinou a retenção no Brasil de Rui Casais, embaixador que representa o Brasil no órgão. Ele está há seis meses no país, sem permissão para retomar suas funções. Dilma o chamou em abril, quando a comissão pediu a interrupção das obras de Belo Monte.

A Folha apurou que a presidente até já mandou o Ministério das Relações Exteriores encontrar um outro posto para Casais. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, reforçou o tom da presidente e afirmou ontem que o Brasil não se submeterá a intervenções externas. "O Brasil é um país soberano e faz as coisas direito", disse.

Fonte: Folha de São Paulo - 26 Out 2011

Segue-se, matéria relacionada à Unidade de Estudo 5.1 - "Conjuntura e Relações Internacionais".


Paraguai militariza área perto do Brasil

Mil homens foram enviados nos últimos dias a duas províncias, uma delas perto da fronteira, para combater guerrilha. Estado de exceção para combate ao Exército do Povo Paraguaio vigora há 17 dias em Concepción e San Pedro.

O governo do Paraguai enviou uma força de mil homens (entre militares e policiais) para combater guerrilheiros do EPP (Exército do Povo Paraguaio) em San Pedro e Concepción - departamentos no norte do país há 17 dias em estado de exceção.

"Ao todo nosso efetivo para operações [de combate] chega a mil homens e estamos providenciando mais. É uma prioridade [para o governo de Fernando Lugo] terminar com esse flagelo", disse à Folha o ministro do Interior, Carlos Filizzola.

O EPP voltou a mobilizar as autoridades paraguaias no final de setembro, quando seis guerrilheiros explodiram uma delegacia e mataram dois policiais em Concepción, fronteira com o Brasil.

Na mesma região, um suposto atirador de elite do EPP baleou um oficial no último dia 5. Anteontem, dois policiais foram feridos a tiros em um episódio no qual o governo investiga as possibilidades de ataque guerrilheiro ou "fogo amigo" entre tropas.

De acordo com a senadora opositora Ana Mendoza de Acha (Partido Pátria Querida), após os atentados, o clima é de terror na região.

"Segundo autoridades da região, há localidades que se transformaram em povoados fantasmas. Ninguém vai para lá para fazer nenhum tipo de transação comercial."

Segundo estimativas do governo, o EPP tem hoje menos de 200 integrantes. O grupo surgiu de um partido que lutava pela reforma agrária e iniciou a luta armada há cerca de dez anos.

DISPUTA POLÍTICA
O estado de exceção, que vigorará por mais 40 dias, foi aprovado pelo Congresso, contra a vontade do governo. Ele flexibiliza regras para prisões e permite o uso de militares em operações de segurança dentro do país.

Segundo Filizzola, a medida não era necessária, pois a polícia teria condições de combater os guerrilheiros. Ele atribuiu a aprovação a "fatores políticos e eleitoreiros de alguns legisladores".

A senadora Acha disse que o Congresso agiu porque o presidente Lugo não estaria tomando as medidas necessárias contra o EPP.

Segundo ela, os líderes guerrilheiros eram muito próximos a Lugo, quando ele era bispo em San Pedro. Na época, disse ela, Lugo teria ainda ajudado a organizar invasões de movimentos de reforma agrária.

"Hoje eles [EPP] não têm mais associação com Lugo, mas [permanece] um vínculo forte. Por isso Lugo não quer que caia sobre eles o peso da lei", disse.

Filizzola negou qualquer ligação de Lugo com o EPP. "Isso é totalmente falso".

Fonte: Folha de São Paulo – 26 de Out 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Segue-se, matéria relacionada à Unidade de Estudo 5.6 - "Atuação das Forças Armadas na Segurança Pública e Ações Subsidiárias".

Governo prorroga permanência das Forças Armadas no Complexo do Alemão


Acordo entre a União e o Rio de Janeiro também estabelece data de saída e cronograma de transição

A Força de Pacificação na Cidade do Rio de Janeiro já tem data certa para deixar o Complexo do Alemão: junho de 2012. O ministro da Defesa, Celso Amorim, e o governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, assinaram acordo que prorroga a ação do governo federal e estabelece um cronograma de transição até a entrada em operação das oito unidades de polícia pacificadora que garantirão a segurança pública na área.

“Sabemos que o trabalho de pacificação de comunidades não está entre as tarefas primordiais das Forças Armadas, mas é algo que precisa ser realizado em apoio à segurança do estado”, comentou o ministro da Defesa. Ele reafirmou a contribuição fundamental da Força Terrestre à segurança nacional, dentro do principio de manutenção da lei e da ordem, e o caráter temporário da medida, em respeito às normas constitucionais.

Para o governador do Rio, esse é um momento histórico na vida da cidade. Ele destacou a “integração fantástica entre os governos federal e estadual” durante o processo de pacificação e relembrou que, em dezembro, a presença dos efetivos militares completará um ano. “A atuação do Exército no Complexo do Alemão é um caso único de sucesso em regimes democráticos”, ressaltou.

Redução da criminalidade
A Força de Pacificação é formada por um contingente de 2.285 homens e mulheres, constituído por militares do Exército Brasileiro, da Polícia Militar e da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Segundo registros policiais, a presença militar resultou numa ampla queda dos índices de criminalidade. O roubo de veículos teve queda de 78%, a taxa de homicídios caiu 86%, os assaltos a residências caíram 91% e os índices de assaltos a transeuntes apresentaram redução de 78%.

O ministro Celso Amorim reconheceu as dificuldades que serão enfrentadas e o alto grau de cooperação que será imposto às autoridades federais e estaduais. “Não há transição que seja fácil. Será necessário um trabalho forte e conjunto dos órgãos envolvidos”, afirmou.

Ele também destacou o papel social da presença do Exército, que promoveu ações cívico-culturais e esportivas, como no Dia da Criança e nas datas nacionais. Foram organizados torneios e visitas aos fortes históricos do Rio de Janeiro. “Esse tipo de iniciativa mostra aos jovens que existem perspectivas na vida que são de alegria e de felicidade, e não as ilusórias, criadas e oferecidas pelo mundo das drogas e do crime”, completou.

Cronograma
O governo do Rio de Janeiro irá instalar duas unidades de polícia pacificadora por mês, entre março e maio. O processo de transição terá início com a instalação da UPP Vila Cruzeiro. Em junho, sairá a última unidade do Exército, que será substituída pela UPP Fazendinha e por um batalhão da polícia militar fluminense. A última UPP, encarregada de proteger os morros do Adeus e Baiana, será instalada em agosto de 2012.

As Forças Armadas passaram a atuar, subsidiariamente, em operações de reforço à segurança pública no Rio de Janeiro após a intensificação de ataques em vários pontos da cidade e arrastões, em novembro de 2010. Em 25 de novembro, uma força-tarefa do Batalhão da Brigada de Infantaria de Paraquedista do Exército, apta na atuação em Garantia da Lei e da Ordem (GLO), se instalou no Complexo do Alemão a pedido do governo do estado. Poucos exércitos no mundo têm condições de fazer ocupações como essa.

No dia 28 de novembro, ocorreu a invasão do Complexo do Alemão pelas Forças de Segurança Pública do Rio de Janeiro e pela Polícia Federal. A diretriz ministerial n° 15 e a assinatura das regras de engajamento foram realizadas no dia 4 de dezembro. Em 23 do mesmo mês, foi assinado o “Acordo para o emprego da Força de Pacificação na cidade do Rio”, estabelecendo as condições de emprego da tropa federal.

Fonte: Assessoria de Comunicação Ministério da Defesa – 25 Out 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Segue Matéria enviada pelo Sr. Sérgio Alves Jr - ANATEL - aos Estagiários do CSUPE/2011

Grandes aquisições de insumos de infraestrutura de redes de telecomunicações x segurança nacional. Mesmo as não tão recentes seguem válidas.

Os primeiros leilões da Telebrás já foram executados segundo as inspirações do Plano PNBL, priorizando a compra de insumos de redes com tecnologia nacional. A Telebrás (e governo) justifica a preferência pelos produtos da indústria brasileira também por razões de segurança nacional.

     - Telebrás decide comprar apenas equipamento local e irrita múltis:

     - Com foco na segurança nacional, Telebrás quer acesso aos códigos-fontes:

     - Telebrás: Acesso aos códigos-fonte é procedimento de segurança:


Nos EUA, Índia e Reino Unido, esses condicionantes são ainda mais contundentes:

     - Report: Sprint Rejected Huawei, ZTE for Security Concerns:

     - India Said to Block Orders for ZTE, Huawei Technologies Telecom Equipment:

     - Huawei, ZTE Growth to Slow on U.S., India Fears, ISuppli Says:
 http://www.businessweek.com/news/2010-08-24/huawei-zte-growth-to-slow-on-u-s-india-fears-isuppli-says.html;

     - Huawei opens UK Cyber Security Centre:


     - China Bid Blocked Over Spy Worry:
 http://www.thedailybeast.com/articles/2011/10/11/u-s-blocks-china-telecoms-bid-to-build-wireless-network-over-spying-concerns.html.

Percebe-se que argumentos de segurança nacional semelhantes aos do PNBL foram utilizados (i) tanto pela operadora estadunidense Sprint Nextel Corp., ao rejeitar as ofertas das chinesas ZTE e Huawei nos leilões para modernização de sua rede, considerada infraestrutura crítica pelo Departamento de Defesa, (ii) quanto pelo Departamento de Comércio, ao bloquear ofertas da Huaweii em redes móveis para primeiros socorros (first responders) com fundamento em relatório do Pentágono que indica que a empresa mantém "relações muito próximas" com o Exército de Libertação Popular.

Monitorar essas estratégias de outros países é fundamental, à medida que somos contestados por opções feitas na execução de políticas públicas brasileiras.

Segue Matéria enviada pelo CA Edervaldo aos Estagiários do CSUPE/2011


Disputa entre Peru e Chile expõe os conflitos ocultos da América Latina


Continente que fala em integração ainda não resolveu pendências básicas como as fronteiras entre os vizinhos

Há uma semana, o governo peruano anunciou que apresentará em novembro(2009) uma denúncia contra o Chile na Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda. O Peru insiste em redesenhar sua fronteira marítima com o vizinho, reacendendo a hostilidade latente entre os dois países e escancarando os distúrbios de um continente que esconde muito mais conflitos do que se imagina.

“A disputa entre Chile e Peru é um retrato da principal contradição da América Latina, um continente que fala em integração, mas ainda não definiu questões básicas como as fronteiras de seus Estados”, afirmou por telefone ao Estado a chilena Ximena Fuente Torrijo, professora de direito internacional da Universidade do Chile. Contenciosos como esse, segundo ela, levam em média de quatro a seis anos para serem julgados em Haia.

A birra do Peru com o Chile é um resquício da Guerra do Pacífico (1879-1883) e envolve também a Bolívia. O conflito pela exploração de recursos naturais no Deserto do Atacama terminou com os chilenos tomando o porto de Antofagasta dos bolivianos e invadindo as cidades peruanas de Arica, Tacna e Lima.

O Chile devolveu Lima e Tacna, mas ficou com Arica e Antofagasta. Desde então, Bolívia e Chile vivem às turras. La Paz não mantém relações diplomáticas com Santiago e exige uma saída para o mar, reivindicação que se transformou em base fundamental da política externa boliviana.

BARRIL DE PÓLVORA
O Peru também nunca engoliu a vitória chilena. Fixada a fronteira terrestre, o país transferiu sua frustração com a derrota para os limites marítimos. Os peruanos reivindicam uma linha oblíqua, que lhes acrescentaria cerca de 35 mil quilômetros às suas águas territoriais. O Chile não abre mão de uma linha paralela, dizendo que o caso já foi resolvido por tratados assinados na década de 50.

A questão chilena-peruana é um caso de fronteira lateral marítima. O embaixador Rubens Ricupero, que participou como mediador de vários acordos entre países latino-americanos, explica que existem duas correntes no direito internacional. Uma defende que a linha de fronteira deva ser perpendicular à costa; como quer o Chile. Outra, que a fronteira seja uma mediana; como exige o Peru.

“A Convenção da ONU sobre Direito do Mar recomenda a negociação. Não existe uma doutrina única no direito internacional e não dá para saber como a Corte vai agir“, disse Ricupero. “Tudo vai depender da opinião individual de cada juiz e da documentação apresentada pelos dois países.”

A cautela do Peru em levar a questão para a Corte Internacional de Justiça tem explicação. Tramita desde 1999 em Haia um caso muito parecido com o peruano, envolvendo Honduras e Nicarágua. A batalha é a mesma, entre linhas perpendiculares (Honduras) e medianas (Nicarágua). O caso começou a ser julgado em março e a decisão serviria de bússola para peruanos e chilenos.

Apesar da retórica oficial, que repete à exaustão a cantilena da integração, conflitos de fronteira entre países vizinhos não faltam na América Latina. Só a Nicarágua está envolvida em três; embora faça fronteira com apenas dois países. Além da rixa com Honduras, o país ainda não resolveu seus limites com a Costa Rica e reivindica uma dúzia de ilhas do Caribe colombiano, que ficam a 600 quilômetros da Colômbia e a apenas 150 de seu litoral.

As relações da Colômbia com seus vizinhos também são péssimas. O Equador reclama da fumigação indiscriminada de herbicidas feita pelos colombianos para destruir plantações de coca na fronteira.

Quito alega que o veneno é levado pelo vento para o lado equatoriano. Em dezembro de 2006, retirou seu embaixador de Bogotá. Em março, soldados dos dois países trocaram tiros na selva. Dois militares equatorianos morreram.

A disputa mais séria da Colômbia, no entanto, é com a Venezuela. Em 1987, os vizinhos quase chegaram às vias de fato quando navios colombianos entraram no Golfo da Venezuela, que dá acesso ao Lago de Maracaibo, área disputada pelos dois países.

Caracas também não reconhece sua fronteira oriental com a Guiana e reivindica três quartos do território vizinho. A questão parecia esquecida até que o presidente Hugo Chávez voltasse a tocar no assunto e inserisse a região como parte da Venezuela em sua Constituição Bolivariana de 1999.

“Questões territoriais mal resolvidas podem sobrecarregara a diplomacia de um país”, afirmou Lilian Laborde, professora de direito internacional da Universidade de Buenos Aires. “O maior desafio da política externa da Argentina, por exemplo, é a questão das Malvinas, um conflito sem solução que ainda ocupa boa parte do tempo dos diplomatas argentinos.”

Desde que uma empresa finlandesa começou a construção de uma fábrica de celulose na margem uruguaia do Rio Uruguai, em 2005, os argentinos não se entendem mais com seus vizinhos do outro lado do Prata. Embora seja uma questão ambiental – e não de limites – também foi parar na Corte Internacional de Justiça, no ano passado, e abriu uma nova crise no processo de integração do Mercosul.

“As questões de limites na América Latina não foram resolvidos no momento certo e viraram um problema crônico”, disse Ricupero. “São temas que ficaram latentes e, de repente, por uma razão qualquer, uma disputa eleitoral, um presidente nacionalista ou a expectativa da exploração de alguma riqueza, voltam à tona. É como um bacilo incubado.”

Se depender de políticos nacionalistas e crises internas, a Corte Internacional de Justiça receberá processos da América do Sul por um bom tempo. No dia 20, o tribunal emitiu sua primeira decisão que envolvia limites marítimos de países sul-americanos, resolvendo a fronteira entre Guiana e Suriname.

PAX BRASILIANA
Em contraste com o restante do continente, o Brasil resolveu suas questões fronteiriças em 1909, quando o então ministro das Relações Exteriores, o Barão do Rio Branco, assinou o último de seus grandes acordos de limites com o Uruguai.

Assim, o Brasil tornou-se exceção na América do Sul. Com as mãos livres, o País passou a mediar conflitos. Negociou o fim da Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai, nos anos 30, evitou um conflito aberto entre Peru e Equador, nos anos 40, e participou dos entendimentos entre Argentina e Chile, que resolveram a questão do Canal de Beagle, nos anos 80.

Segue-se, matéria relacionada à Unidade de Estudo 4.2 - "Indústria de Defesa, Tecnologia e Inovação".


A guerra dos não Tripulados

 
Brasil entra no mercado cada vez mais disputado de aeronaves sem piloto, usadas para missões militares ou de monitoramento

André Julião 
Se depender dos avanços da tecnologia e de um mercado que cresce a cada dia, não vai demorar muito para que tenhamos sobre nossas cabeças cada vez mais aeronaves que vão informar a situação de florestas, plantações e depósitos naturais de minérios. Esses espiões, mais conhecidos pelas siglas Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado) ou UAV (em inglês), ganharam os céus graças aos militares, sempre sedentos por informações para o combate, mas conquistam cada vez mais o espaço aéreo global para fins civis.

Graças à sua supremacia bélica, os EUA são os líderes dessa tecnologia. O país possui nada menos que 7 mil unidades dos aviões apenas para uso militar. A administração Obama aumentou a sua aplicação nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Osama bin Laden, inclusive, só foi encontrado no Paquistão graças a imagens feitas por Vant. O mesmo ocorreu na semana passada, quando um Vant atuou no cerco ao comboio de Kadafi.

As aeronaves são controladas por uma central em solo e capazes de pousar e decolar sozinhas. “A vantagem dos Vant é que dá para encaixar qualquer coisa neles: câmeras, equipamento de espionagem ou armas”, disse Dennis M. Gormley, pesquisador da Universidade de Pittsburgh (EUA), ao jornal “The New York Times”.

Apenas EUA, Israel e Reino Unido confirmam o uso dessas aeronaves em ataques, mas especialistas estimam que mais de 50 países fabriquem ou comprem Vant – e o número aumenta a cada dia. A Alemanha recentemente apresentou o seu, batizado de Euro Hawk, e fabricantes chineses demonstraram 25 modelos no ano passado. A maioria dos veículos, no entanto, é usada para monitoramento.

É nesse nicho que aposta Adriano Kancelkis, diretor-presidente da AGX Tecnologia, de São Carlos (SP). Criada em 2002, a empresa começou a comercializar Vant neste ano. “A maior aplicação ainda é o monitoramento de lavouras”, diz o empresário. Recentemente, a AGX cedeu dois aviões para a Polícia Militar paulista, que os utiliza na detecção de crimes ambientais, como queimadas e desmatamentos.

Já a Polícia Federal começou a utilizar em setembro duas aeronaves modelo Heron, fabricadas pela IAI (Indústria Aeroespacial de Israel) e comercializados no Brasil pela EAE Soluções Aeroespaciais. As aeronaves são usadas no monitoramento da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, principalmente no combate ao tráfico e contrabando. O plano da PF é obter mais 12 unidades. “Elas são guiadas por satélite, que tem alcance muito maior do que as controladas por rádio”, diz Moshe Cytter, diretor da EAE. Ambos os empresários concordam que o mercado brasileiro tem um grande potencial. Afinal, terreno para ser investigado não falta.

Fonte: ISTOÉ – 24 Out 2011

Segue-se, matéria relacionada à Unidade de Estudo 5.4 - "Área de Interesse Estratégico: Programa Nuclear".


O Mercado de Concentrado de Urânio

Leonam dos Santos Guimarães

A produção do combustível que alimenta as usinas de geração elétrica nuclear é feita em uma sequência de processos industriais que se inicia na mineração e no beneficiamento, que produz concentrados de urânio. Seguem-se a conversão do concentrado em hexafluoreto de urânio e seu enriquecimento (aumento da proporção do isótopo U-235 acima do teor natural). A fabricação combustível se dá pela reconversão do hexafluoreto em dióxido de urânio, produção de pequenas pastilhas cerâmicas cilíndricas desse dióxido e montagem mecânica dessas pastilhas nos chamados "elementos combustíveis", que são o produto final entregue à usina para carregamento no reator nuclear.

Por razões mais históricas do que técnicas ou econômicas, concentrado, conversão, enriquecimento e fabricação do combustível constituem mercados separados, com diferentes fornecedores atuando em cada um deles. As utilities nucleares compram concentrado, contratam sua conversão, em seguida contratam seu enriquecimento e finalmente contratam a fabricação do combustível. Concentrado, conversão e enriquecimento são commodities. Elementos combustíveis são produtos customizados.

A oferta no mercado internacional de concentrado de urânio é composta pela produção primária das atividades de mineração e beneficiamento de fontes secundárias. O beneficiamento, isto é, produção do concentrado chamado yellow cake, é feita sempre "na boca da mina" porque os minérios de urânio são tipicamente de baixos teores, não sendo viável economicamente o transporte do minério bruto. As fontes secundárias incluem excedentes em estoque acumulados por produtores e consumidores (empresas de geração elétrica nuclear), os estoques dos governos, urânio reciclado a partir de estoques do governo e diluição (downblending) do urânio militar russo altamente enriquecido (HEU).

Preço do concentrado no mercado spot para entrega imediata em 2010 foi de US$ 138,3 mil por tonelada, 40% maior comparado a 2009. Média dos preços dos contratos para entrega a termo foi de U$ 144,4 mil para U$ 135,5 mil no mesmo período, queda de 7%.

A indústria de produção primária de urânio é de âmbito internacional, com um pequeno número de empresas que operam em poucos países. De acordo com a World Nuclear Association (WNA) a oferta mundial de concentrado de urânio em 2010 totalizou cerca de 70 mil toneladas, dos quais aproximadamente 87% foi produzido por 10 empresas. Aproximadamente 93% da produção mundial foi proveniente de oito países, em ordem decrescente: Cazaquistão, Canadá, Austrália, Namíbia, Níger, Rússia, Uzbequistão e Estados Unidos.

Talvez o único uso pacífico do urânio é como combustível para geração elétrica. A demanda mundial pelo concentrado está, portanto, diretamente ligada à eletricidade gerada pelas usinas nucleares. De acordo com a WNA, em setembro 2011 existiam 440 usinas nucleoelétricas comerciais operando em todo o mundo, com uma potência de geração instalada total de 376,7 mil MWe, requerendo cerca de 90.000 toneladas de concentrado por ano. Estas usinas geram 14% das necessidades mundiais de eletricidade.

A tendência de aumento da construção e projeto de construção de novas usinas aumenta no mundo desde 2007. Dados da WNA mostram que em setembro de 2011, mesmo após o acidente de Fukushima no Japão, 62 usinas nucleares comerciais estavam em construção em 13 países, outras 155 sendo planejadas.

A tendência de aumento na demanda por concentrado como resultado da entrada em operação de novas usinas e do aumento dos fatores de capacidade das usinas já em operação poderia ser compensada, até certo ponto, pelo descomissionamento das usinas que atingirão o final de sua vida útil. Entretanto, o cenário de referência da previsão 2020 da WNA indica que a produção terá que aumentar substancialmente dos níveis atuais para atender os requisitos futuros.

Desde 1990, o consumo de concentrado tem ultrapassado a produção primária por uma diferença substancial. Esta lacuna de fornecimento tem sido preenchida pelas fontes secundárias. O déficit entre os requisitos mundiais de urânio e a produção primária é crescente e os estoques existentes e as demais fontes secundárias estão se esgotando.

A maior fonte secundária é o acordo russo-americano "Megatons por Megawatts". Nesse acordo, que termina em dezembro de 2013, a Rússia faz o downblend de urânio de armas nucleares em urânio de baixo enriquecimento (LEU) para uso civil. A Rússia atualmente abastece o mercado mundial com 12 mil toneladas de urânio a partir deste programa. A Rússia, entretanto, já declarou que não renovará esse acordo e o programa se encerrará após esta data.

As empresas de geração elétrica nuclear garantem uma proporção substancial de suas necessidades de concentrado por contratos de médio e longo prazos com os produtores. Os preços desses contratos são estabelecidos por uma série de métodos, incluindo reajustes por índices de inflação, preços de referência e renegociações de preços anuais. Os contratos podem conter preços mínimos, preços máximos e outras disposições negociadas que definem o preço final a ser pago na entrega.

Com base em dados fornecidos pelo Ux Consulting Company LLC e TradeTech, principais consultores do setor, o preço no mercado spot para entrega imediata no final do ano de 2010 foi de US$ 138,3 mil por tonelada de concentrado, em comparação com U$ 98,8 mil ao fim de 2009, um aumento de 40%. A média dos preços dos contratos para entrega a termo no mesmo período foi de U$ 144,4 mil para U$ 135,5 mil, uma diminuição de 7%.

O Brasil tem a 7ª maior reserva de urânio do mundo, com cerca de 300 mil toneladas de concentrado equivalente asseguradas. Poderão se somar a cerca de 800 mil toneladas adicionais inferidas, que o tornariam a 1ª ou 2ª maior reserva mundial. Porém, o país não participa do mercado internacional.

O mercado nacional é simultaneamente um monopólio (um só vendedor) e um monopsônio (um só comprador), mas seus preços não são regulados. A produção brasileira de concentrado, monopólio da União exercido pelas Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB), se limita a atender ao consumo interno de cerca de 400 toneladas por ano demandado pela Eletrobrás Eletronuclear S.A. para as recargas de Angra 1 e Angra 2.

A construção de Angra 3 aumenta a demanda em 840 toneladas para a fabricação de sua 1ª carga até 2015 e, a partir de 2016, 280 toneladas adicionais por ano para suas recargas. Mas a produção nacional não tem sido suficiente para atender a demanda nos últimos anos.

Leonam dos Santos Guimarães é doutor em engenharia, membro do Grupo Permanente de Assessoria em Energia Nuclear da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Assistente da presidência da Eletronuclear.

Fonte: Valor Econômico – 24 Out 2011