Brasília, 24/08/2013 – Cerimônia realizada nesta quinta-feira (24), no
auditório do Ministério da Defesa (MD), marcou o encerramento da terceira
edição do Curso Superior de Política Estratégica (CSUPE) da Escola Superior de
Guerra (ESG) – Campus Brasília.
Os 50 alunos – 40 civis e 10 militares – de 31 órgãos e instituições da
Administração Federal e do governo do Distrito Federal foram diplomados após
nove semanas de atividades. A oradora da turma foi Claudia Vieira Pereira, do
Tribunal de Contas da União (TCU). Na mensagem aos colegas, ela destacou a
importância do aprendizado sobre a Política Nacional de Defesa e a Estratégia
Nacional de Defesa.
Mensagem da oradora da turma
"Excelentíssimo
Almirante Graczo, na pessoa do qual saúdo todos os militares presentes neste
auditório;
Prezado
Brigadeiro Delano, Diretor da ESG-Campus Brasília, em nome de quem cumprimento
os demais civis;
Queridos
colegas da turma do Curso Superior de Política e Estratégia - CSUPE 2013,
recém-batizada de Turma Pedro Teixeira;
Senhores e
senhoras, familiares e amigos aqui presentes,
Bom dia a
todos!
Após
uma...digamos...democrática eleição, coube a mim a honrosa tarefa de ser a
oradora da turma e, por consequência, fazer os agradecimentos finais no CSUPE
2013. Confesso que estou sentindo o peso da responsabilidade, pois tenho
certeza de que qualquer outro colega aqui presente desempenharia esse papel com
brilhantismo, tendo em vista o elevado nível intelectual dos integrantes desta
turma. Mas, vamos lá, porque, como dizem os militares, missão dada é missão
cumprida...Então tentarei ser breve no cumprimento desta nobre missão.
Há nove
semanas, se iniciava mais uma turma do curso superior de política e estratégia,
promovido pela Escola Superior de Guerra. Sei que muitos de nós já haviam
ouvido falar da ESG como uma instituição séria e reconhecida por sua excelência
e, por isso mesmo, creio que as expectativas eram grandes. Cada um chegou aqui
com seus interesses pessoais e profissionais, mas o quê exatamente esperar de
uma escola superior de GUERRA???
Bem, pra
começar, estávamos todos, civis e militares, sentados lado a lado aqui nesse
auditório (o que não é muito comum de acontecer...), e durante esse período de
tempo, fomos brindados com doses generosas de informações a respeito dos mais
variados temas, apresentados por profissionais competentes, dedicados e
dispostos a compartilhar conosco seu vasto conhecimento. A sede de conhecer era
tamanha que houve gente que até compareceu à escola quando nem era dia de aula
(não é verdade, Rejane???)!
Nesse
caminhar, fomos primeiramente apresentados aos conceitos de poder, política e
estratégia adotados pela ESG, para facilitar o entendimento de todos. Depois,
aprendemos mais sobre aspectos relacionados à geopolítica, seus fundamentos,
sua importância na definição das estratégias nacionais, bem como fomos levados
a refletir sobre a posição de destaque que o Brasil atualmente ocupa no cenário
internacional e as implicações estratégicas da evolução da população
brasileira, principalmente em função do seu envelhecimento.
Tivemos
também a oportunidade de compreender melhor a Política Nacional de Defesa
(PND), a Estratégia Nacional de Defesa (END), bem como o Livro Branco de Defesa
Nacional (LBDN), que, de tanto esperar por sua aprovação no Congresso Nacional,
já estava ficando até amarelado (a aprovação, aliás, ocorreu durante o período
do nosso curso - somos pé-quente!).
Aprendemos
então que a Estratégia Nacional de Defesa trata da reorganização e da
reorientação das Forças Armadas, da organização da Base Industrial de Defesa e
da política de composição dos efetivos da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica. Ao propiciar a execução da Política Nacional de Defesa com uma
orientação sistemática e com medidas de implementação, a Estratégia Nacional de
Defesa contribuirá para fortalecer o papel cada vez mais importante do Brasil
no mundo.
Nessa linha,
fomos apresentados à estrutura dos órgãos de defesa, como o Ministério da
Defesa e as Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica). Pudemos conhecer
um pouco de alguns dos grandes programas e projetos de defesa conduzidos por
essas instituições, tais como o Programa Nuclear da Marinha e o Programa
Espacial Brasileiro, que são de alta complexidade e de importância estratégica
para o país, mas que sofrem dificuldades na sua gestão, principalmente em
virtude da descontinuidade do aporte de recursos financeiros e da insuficiência
de recursos humanos qualificados.
Assistimos,
emocionados, as apresentações sobre o Programa Antártico Brasileiro e sobre a
atuação das forças armadas em ações subsidiárias e em operações de paz.
Pudemos
refletir também sobre os desafios, as dificuldades e as oportunidades para o
desenvolvimento da base industrial de defesa, essencial para a autossuficiência
do país em termos de produção de equipamentos e de sistemas de defesa.
Mas um dos
pontos fortes desse curso, sem sombra de dúvida, foram as viagens de estudo,
por meio das quais tivemos a oportunidade de aliar a teoria à prática. Pudemos
ver de perto a atuação das Forças Armadas; conhecemos oficiais engajados,
dedicados, abnegados; visitamos um centro tecnológico, bases navais e pelotão
de fronteira; conhecemos navios, submarinos, aeronaves, onça, índios...ufa!
Enfim, fomos agraciados com uma experiência única, que poucos brasileiros têm o
privilégio de viver, que é a de conhecer os rincões desse Brasil
Continental...e o melhor de tudo: com o padrão ESG de organização!
Saímos do
conforto de nosso lar e de nossos gabinetes e fomos ao encontro de uma
realidade dura. Fomos até a cabeça do cachorro, no noroeste do Amazonas,
visitamos São Gabriel da Cachoeira e Maturacá, local em que se encontra o 5
Pelotão Especial de Fronteira. E podemos chama-lo de especial mesmo, pois é um
local inóspito, onde só se chega de avião, quase na fronteira com a Venezuela,
onde há grande quantidade de índios, mas os oficiais que lá se encontram são
desprendidos, abnegados, imbuídos de um sentimento comovente de
patriotismo...Comovente sim, porque eles deixaram seus lares e suas famílias,
sacrificando seu bem-estar pessoal em favor de um ideal de bem-estar coletivo,
para defender seu país e ajudar aquelas pessoas que vivem em condições
precárias...as quais, a meu ver, sendo índios ou não, devem ser considerados
cidadãos brasileiros e, por isso, merecem viver dignamente...Essa realidade é
muito impactante e nos faz refletir sobre nosso papel na sociedade, sobre as
políticas públicas vigentes, sobre o que queremos para o nosso país...
Essa é uma
prática que sempre defendi no Tribunal, a de sairmos de trás dos papéis, do
conforto de nossas salas com ar condicionado, e irmos aonde a política é
efetivamente executada, para termos ciência da realidade dos fatos, das
dificuldades encontradas pelos gestores para sua implementação e, com isso,
termos a sensibilidade necessária para realizarmos nosso trabalho da melhor
forma possível, visando sempre ao bem comum.
E aqui
aproveito a ocasião para me defender do bullying institucional que sofri
durante todo o curso e reafirmo que o TCU, como qualquer outra organização,
possui falhas a serem corrigidas, mas tenho convicção de que nosso papel enquanto
órgão de controle é contribuir para o aperfeiçoamento da Administração Pública
em prol de toda a sociedade.
Como disse
antes, cada um de nós chegou aqui com uma expectativa própria em relação ao
curso, mas estou certa de que, após essa experiência acadêmica e ao mesmo tempo
prática, todos saíremos com uma visão mais acurada e realista da política de
defesa e buscaremos aplicar, no nosso trabalho, o conhecimento aqui adquirido,
com vistas a construir um país melhor, mais justo.
Conclusão:
A riqueza da
convivência entre nós, civis e militares, provenientes de diversos órgãos e
instituições, públicas e privadas, aliada ao conhecimento transmitido e à troca
de experiências, tanto profissionais quanto pessoais, é o que faz da Escola
Superior de Guerra uma escola diferenciada, um campo fértil para o
desenvolvimento de capacidades e de habilidades a serem utilizadas em benefício
do nosso país.
Se eu
tivesse que escolher uma única palavra para resumir tudo o que eu vivenciei
aqui nessas últimas nove semanas (e meia de amor???), eu escolheria GRATIDÃO.
Gratidão pelo conhecimento adquirido; Gratidão pelo convívio harmonioso e
prazeroso com pessoas tão inteligentes e queridas, cada uma com seu jeito e
características próprias; Gratidão pela oportunidade de ter conhecido uma outra
realidade do nosso país; Gratidão por estar aqui e agora!
E como não
poderia deixar de ser, gostaria de manifestar nossos sinceros agradecimentos a
cada um dos coordenadores e colaboradores do curso, que estiveram aqui conosco
diariamente, nos proporcionando um ambiente agradável, aconchegante (apesar do
frio do ar condicionado!), propício aos estudos e favorável à convivência
harmônica entre todos, convivência essa estimulada através dos intervalos entre
as palestras...intervalos turbinados com suco, cafezinho, biscoitos, bolos e
pequenos sanduíches, feitos cuidadosamente pelo xxxx, que acordava de madrugada
para que tudo pudesse estar pronto de manhã cedo, para nosso deleite... Aliás,
já estou sabendo que há pessoas que ficaram dependentes desses lanchinhos
matutinos e que, por isso, gostariam de manter essa tradição vindo tomar seu
café da manhã todos os dias aqui na ESG antes de ir trabalhar...(né,
Maurício?!)
Permitam-me
então citar cada um deles nominalmente, pois sem eles o curso não teria o
sucesso que tem:
Nosso
querido coordenador do curso, Cel Paulo Roberto, sempre atento e preocupado com
nossos confortos pessoais, procurando sempre fazer tudo funcionar da melhor
maneira, alertando-nos diuturnamente com seus avisos acadêmicos.
O nosso
querido (e às vezes distraído) fotógrafo, que retratou belas imagens durante as
viagens, Sargento Fuzileiro Naval Cardoso.
Brigadeiro
(R1) DELANO
Coronel do Exército (R1)
BONFIM
Coronel do Exército (R1) PAULO ROBERTO
Coronel da Força Aérea (R1) CAVALCANTI
Capitão-de-Corveta DAYSE
Capitão do Exército (R1) SILVA
Sargento Fuzileiro Naval (RM1) CARDOSO
Sargento da Marinha FREITAS
Sargento da Força Aérea QUADRAT
Cabo do Exército DIGERSON
Cabo da Força Aérea DOS SANTOS
Srta ANA PAULA
O amigo CADU
Por fim,
gostaria de deixar registrada a opinião de alguns colegas que se manifestaram
sobre essa experiência vivida no CSUPE 2013.
Como também
é tradição na nossa turma, a primeira a ser referenciada será nossa querida
Rejane, a debatedora 01 de todas as palestras!
Rejane: o
curso foi muito mais do que um banho de informação: foi também uma experiência
transformadora, abrindo horizontes e desfazendo preconceitos. Nos deixou
orgulhosos do trabalho dos nossos militares, mas também - pelo menos no meu
caso - carregada de preocupações novas.
Antonio: O
curso permitiu a melhor compreensão da diversidade e das diferenças de nosso
País, possibilitando o alcance de uma nova ideia de Brasil e do conceito de
Nação.
Thiago: o
CESUP foi mais que um curso de política e estratégia, foi um verdadeiro curso
de Brasil e brasilidade. De amor à pátria, coroado com o que vimos na
Amazônia. Além disso, é sempre legal reforçar a ideia de acabar com
preconceitos e aumentar a relação civil-militar.
Marcelo:
O curso, para mim, foi um banho de brasilidade. A brasilidade que nos enche de
orgulho. Foi, também, uma oportunidade de aprender coisas novas, conhecer
questões sensíveis que, embora de difícil solução, nos enriquecem pelo simples
estímulo à reflexão sobre elas. Eu resumo assim: emocionante.
Augusto Honório: creio principalmente que a
expressão SINERGIA - um todo maior do que a mera soma das partes - resuma bem o
nosso convívio nas últimas semanas, congregando adequadamente além de nós
estagiários, também e com igual intensidade os diversos preletores e os
gestores do curso".
Obrigada!
Nesta quinta também foi inaugurada a placa com os nomes dos formandos. No
início da manhã, logo após um café da manhã servido no Salão de Honra, eles
posaram para a foto oficial da Turma.
Além das aulas teóricas, os
alunos participaram de duas viagens técnicas. Uma delas foi ao Departamento de
Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP). Na
outra, os alunos conheceram a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas
(FIEAM), além de unidades militares nos municípios de São Gabriel da Cachoeira
e Maturacá, ambos no Amazonas.
Entre os objetivos do CSUPE
está o fortalecimento da mentalidade de Defesa entre servidores e gestores de
órgãos públicos. Eles tiveram a oportunidade de conhecer as políticas e as
estratégias nacionais como os programas nuclear e espacial brasileiro.